quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Jovens e cultura - 2º Ano

Jovens e cultura

Hoje é comum nos referirmos às pessoas entre 13 e 30 anos como jovens. Essa delimitação, às vezes, se estende às pessoas um pouco mais velhas ou mesmo mais novas. Podemos, inclusive, utilizar o termo “jovem” em vez de “adolescente”. Isso ocorre porque não há uma definição muito precisa de quando começa a idade “jovem”, tampouco de quando ela termina. Para os fins desta Situação de Aprendizagem, nos referiremos à faixa etária em que se encontram os alunos como “jovens”.
O aspecto mais relevante a ser destacado em relação ao exercício de sensibilização é  que os jovens não são todos iguais. No Brasil, essa realidade parece evidente do ponto de vista sociodemográfico em função das enormes desigualdades sociais ainda vigentes em nosso país. Porém, o que é interessante apontar, além das diferenças que podemos observar em relação à origem social dos jovens, ao sexo, ao local de moradia, ao grau de escolaridade, e a outros fatores, são as diversidades quanto aos hábitos de consumo, às práticas de lazer e de fruição, assim como às de produção de cultura e de identidade.
Embora os interesses, os hábitos de lazer e o comportamento das pessoas mais novas, em geral, tendam a ser diferentes daqueles das pessoas mais velhas, até a década de 1950, aproximadamente, não se podia dizer que os jovens se destacavam como possuidores de uma “cultura própria”, ou como consumidores de produtos específicos para sua faixa etária e praticantes de atividades de lazer circunscritas a eles. Ser jovem era mais uma fase da vida antes de se tornar adulto, com suas fragilidades e especificidades. O jovem precisava ser “preparado” para se tornar um cidadão, segundo determinados padrões considerados adequados, dependendo da sociedade na qual estava inserido.
Esse quadro começou a mudar com o surgimento da cultura e da comunicação de massa, após a Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos foram o primeiro país a se beneficiar do novo ciclo de desenvolvimento industrial que deslanchou com o final da guerra, quando houve ampla diversificação da produção e o aumento significativo dos níveis de emprego e dos benefícios do Estado de Bem-Estar Social. Esse período também foi caracterizado pelo crescimento do consumo, ampliado pela criação de novos bens e crescente importância dos meios de comunicação. Nessa época, a escolaridade obrigatória foi estendida e houve significativa expansão da oferta de empregos para os jovens recém-saídos do sistema educacional. Tais condições sociais e econômicas proporcionaram a emergência de novos estilos juvenis de vida.
“O aumento da disponibilidade e da procura por diversão e por elementos diferenciados de consumo provoca rápida resposta por parte da indústria, do comércio e da publicidade, que passa a produzir bens específicos para esse público, alimentando o espraiamento dos novos hábitos. Está montado, assim, o cenário de uma juventude fundamentalmente ligada ao seu tempo de lazer; em lanchonetes ouve rock-’n’-roll em jukebox (máquina parcialmente automatizada capaz de selecionar discos ou faixas de discos inserindo-se moedas e selecionando-se as músicas que se deseja ouvir) ou programas de auditório; consome novas mercadorias, de guloseimas (refrigerantes, chicletes etc.) a roupas (jeans, jaqueta de couro) e meios de locomoção (a motocicleta), todos marcada e distintivamente juvenis. Esses elementos aparecem como característicos de um novo padrão de comportamento – que inclui maior liberdade e autonomia para os jovens – interpretado como uma diminuição geral da autoridade e controle paternos, paralelamente a uma valorização do prazer e do consumo como fontes de gratificação imediata.
ABRAMO, Helena Wendel. Cenas juvenis: punks e darks no cenário urbano. São Paulo: Página Aberta, 1994. p. 29.



Nenhum comentário:

Postar um comentário