Criança, A Alma do Negócio é um documentário dirigido pela cineasta Estela Renner e produzido por Marcos Nisti sobre como a sociedade de consumo e as mídias de massa impactam na formação de crianças e adolescentes.
https://www.youtube.com/watch?v=KQQrHH4RrNc
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
Jovens e cultura - 2º Ano
Jovens e cultura
Hoje é comum nos referirmos às pessoas entre 13 e 30 anos como jovens. Essa delimitação, às vezes, se estende às pessoas um pouco mais velhas ou mesmo mais novas. Podemos, inclusive, utilizar o termo “jovem” em vez de “adolescente”. Isso ocorre porque não há uma definição muito precisa de quando começa a idade “jovem”, tampouco de quando ela termina. Para os fins desta Situação de Aprendizagem, nos referiremos à faixa etária em que se encontram os alunos como “jovens”.
O aspecto mais relevante a ser destacado em relação ao exercício de sensibilização é que os jovens não são todos iguais. No Brasil, essa realidade parece evidente do ponto de vista sociodemográfico em função das enormes desigualdades sociais ainda vigentes em nosso país. Porém, o que é interessante apontar, além das diferenças que podemos observar em relação à origem social dos jovens, ao sexo, ao local de moradia, ao grau de escolaridade, e a outros fatores, são as diversidades quanto aos hábitos de consumo, às práticas de lazer e de fruição, assim como às de produção de cultura e de identidade.
Embora os interesses, os hábitos de lazer e o comportamento das pessoas mais novas, em geral, tendam a ser diferentes daqueles das pessoas mais velhas, até a década de 1950, aproximadamente, não se podia dizer que os jovens se destacavam como possuidores de uma “cultura própria”, ou como consumidores de produtos específicos para sua faixa etária e praticantes de atividades de lazer circunscritas a eles. Ser jovem era mais uma fase da vida antes de se tornar adulto, com suas fragilidades e especificidades. O jovem precisava ser “preparado” para se tornar um cidadão, segundo determinados padrões considerados adequados, dependendo da sociedade na qual estava inserido.
Esse quadro começou a mudar com o surgimento da cultura e da comunicação de massa, após a Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos foram o primeiro país a se beneficiar do novo ciclo de desenvolvimento industrial que deslanchou com o final da guerra, quando houve ampla diversificação da produção e o aumento significativo dos níveis de emprego e dos benefícios do Estado de Bem-Estar Social. Esse período também foi caracterizado pelo crescimento do consumo, ampliado pela criação de novos bens e crescente importância dos meios de comunicação. Nessa época, a escolaridade obrigatória foi estendida e houve significativa expansão da oferta de empregos para os jovens recém-saídos do sistema educacional. Tais condições sociais e econômicas proporcionaram a emergência de novos estilos juvenis de vida.
“O aumento da disponibilidade e da procura por diversão e por elementos diferenciados de consumo provoca rápida resposta por parte da indústria, do comércio e da publicidade, que passa a produzir bens específicos para esse público, alimentando o espraiamento dos novos hábitos. Está montado, assim, o cenário de uma juventude fundamentalmente ligada ao seu tempo de lazer; em lanchonetes ouve rock-’n’-roll em jukebox (máquina parcialmente automatizada capaz de selecionar discos ou faixas de discos inserindo-se moedas e selecionando-se as músicas que se deseja ouvir) ou programas de auditório; consome novas mercadorias, de guloseimas (refrigerantes, chicletes etc.) a roupas (jeans, jaqueta de couro) e meios de locomoção (a motocicleta), todos marcada e distintivamente juvenis. Esses elementos aparecem como característicos de um novo padrão de comportamento – que inclui maior liberdade e autonomia para os jovens – interpretado como uma diminuição geral da autoridade e controle paternos, paralelamente a uma valorização do prazer e do consumo como fontes de gratificação imediata.
ABRAMO, Helena Wendel. Cenas juvenis: punks e darks no cenário urbano. São Paulo: Página Aberta, 1994. p. 29.
Consumo versus consumismo - 2º Ano
Consumo versus consumismo
Para alguns autores, o consumismo está mais relacionado com
a criação de desejos crescentes, do que com a satisfação de necessidades. Ou
seja, muitas propagandas, ao tentar vender seus produtos, não apelam para uma
necessidade que o indivíduo tem e que aquele produto irá preencher ou
satisfazer, e sim para desejos que ele nem sabe que tem ou que muitas vezes não
tem.
Muitas vezes, as propagandas usam frases como: “Esse produto
trará uma satisfação que você não espera”, ou algo similar. Ou seja, ela não
vende a satisfação de uma necessidade existente, mas a criação de uma nova
necessidade que a pessoa nem sabia que existia, mas que aquele produto irá
suprir. Não é raro que a propaganda, transmitida pelos meios de comunicação,
trabalhe a ideia de que o produto pode mudar a vida da pessoa ou de que a mesma
não tem consciência de como isso poderia ser bom para ela.
A incessante criação de desejos implica a contínua
substituição dos objetos, uma vez que novas necessidades são criadas o tempo
todo e assim nos baseamos no excesso e no desperdício (BAUMAN, 2008, p. 53). O
volume de novidades rapidamente torna obsoletas levas e levas de produtos. Há então
um excesso de novidades.
“Na economia consumista, a regra é que primeiro os produtos apareçam (sendo inventados, descobertos por acaso ou planejados pelas agências de pesquisa e desenvolvimento), para só depois encontrar suas aplicações. Muitos deles, talvez a maioria, viajam com rapidez para o depósito de lixo, não conseguindo encontrar clientes interessados, ou até antes de começarem a tentar. Mas mesmo os poucos felizardos que conseguem encontrar ou invocar uma necessidade, desejo ou vontade, cuja satisfação possam demonstrar ser relevante (ou ter a possibilidade de), logo tendem a sucumbir às pressões de outros produtos “novos e aperfeiçoados” (ou seja, que prometem fazer tudo o que os outros podiam fazer, só que melhor e mais rápido – com o bônus extra de fazer algumas coisas que nenhum consumidor havia até então imaginado necessitar ou adquirir) muito antes de sua capacidade de funcionamento ter chegado ao seu predeterminado fim.”
“Na economia consumista, a regra é que primeiro os produtos apareçam (sendo inventados, descobertos por acaso ou planejados pelas agências de pesquisa e desenvolvimento), para só depois encontrar suas aplicações. Muitos deles, talvez a maioria, viajam com rapidez para o depósito de lixo, não conseguindo encontrar clientes interessados, ou até antes de começarem a tentar. Mas mesmo os poucos felizardos que conseguem encontrar ou invocar uma necessidade, desejo ou vontade, cuja satisfação possam demonstrar ser relevante (ou ter a possibilidade de), logo tendem a sucumbir às pressões de outros produtos “novos e aperfeiçoados” (ou seja, que prometem fazer tudo o que os outros podiam fazer, só que melhor e mais rápido – com o bônus extra de fazer algumas coisas que nenhum consumidor havia até então imaginado necessitar ou adquirir) muito antes de sua capacidade de funcionamento ter chegado ao seu predeterminado fim.”
BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação das
pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2008. p. 53-54.
O consumo faz parte de toda a vida social, pois os seres
humanos precisam consumir para existir. Mas nas sociedades que passaram pelo
processo de industrialização não há apenas o consumo como forma de satisfação
de necessidades básicas; há também o consumismo. Ou seja, o consumo contínuo e
incessante de bens, serviços e produtos muitas vezes supérfluos.
Outro ponto importante nessa discussão sobre consumo e
consumismo diz respeito à questão da felicidade. Inicialmente, peça para a turma
dar exemplos, com base em sua experiência pessoal, de elementos presentes na
nossa cultura que podem trazer felicidade para uns e não trazer para
outros.
Por fim, estabeleça uma discussão sobre felicidade,
consumismo e as propagandas analisadas. Afinal, as propagandas veiculadas pelos
meios de comunicação de massa, como a televisão, o cinema, o rádio e a
internet, procuram vender produtos que muitas vezes agradam pessoas dos mais diferentes lugares.
1. Explique do que trata o texto apresentado. Cite exemplos de produtos incessantemente aperfeiçoados em nossa sociedade.
1. Explique do que trata o texto apresentado. Cite exemplos de produtos incessantemente aperfeiçoados em nossa sociedade.
Com frequência, elas não vendem apenas produtos, mas também
sentimentos, como a felicidade.
“Que os seres humanos preferiram a felicidade à infelicidade é uma
observação banal, um pleonasmo, já que o conceito de “felicidade” em seu uso
mais comum diz respeito a estados ou eventos que as pessoas desejam que
aconteçam, enquanto a “infelicidade” representa estados ou eventos que elas
querem evitar. Os dois conceitos assinalam a distância entre a realidade tal
como ela é e uma realidade desejada. Por essa razão, quaisquer tentativas de
comparar graus de felicidade experimentados por pessoas que adotam modos de
vida distintos em relação ao ponto de vista espacial ou temporal só podem ser
mal-interpretadas e, em última análise, inúteis.
Na verdade, se o povo A passou sua vida em um ambiente sociocultural
diferente daquele em que viveu o povo B, seria inútil ou arrogante afirmar que
A ou B era “mais feliz”. Os sentimentos de felicidade ou sua ausência derivam
de esperanças e expectativas, assim como de hábitos aprendidos, e tudo isso
tende a diferir de um ambiente social para outro. Assim, uma comida saborosa
apreciada pelo povo A pode ser considerada repulsiva e venenosa pelo povo B. Da
mesma maneira, as condições reconhecidamente capazes de tornar feliz o povo A
poderiam deixar o povo B bastante infeliz e vice-versa.”
BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação das
pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2008. p. 58-59.
2, Escreva um texto dissertativo sobre a relação entre consumo, consumismo e felicidade
2, Escreva um texto dissertativo sobre a relação entre consumo, consumismo e felicidade
Pesquisa em grupo - 2º ano
a) cada grupo deverá escolher um produto que
recorrentemente apareceu empropagandas nos meios de comunicação. As propagandas podem ser
coletadas em revistas ou jornais, em sites da internet, em catálogos, ou,
quando veiculadas em outros suportes que não os impressos, como a televisão,
por exemplo, transcritas e/ou anotadas;
b) os grupos devem pesquisar o maior número de propagandas que
encontrarem sobre o produto escolhido.
c) a propaganda deve sempre conter texto (mesmo que pequeno
e restrito a uma frase) e imagem do produto. No caso daquelas veiculadas pela
televisão, a fala equivale ao texto sobre o produto;
Ao analisar esses elementos, os grupos precisam procurar
entender :
a) Como um produto pode ser mostrado em texto e imagem de
diferentes formas. Dependendo do produto a ser analisado, eles podem encontrar
duas situações principais: propagandas sobre um mesmo produto que pouco diferem
entre si (seja porque o ângulo de exposição do produto nas fotos é sempre muito
parecido, seja porque os textos não são muito diferentes, como é o caso das
propagandas de cerveja no verão que, independentemente da marca, mostram jovens
em bares ou praias em roupas descontraídas); ou propagandas sobre um mesmo
produto que apresentam uma grande
diferenciação na forma de expô-lo;
b) Se a propaganda trata das qualidades reais do produto ou
se ela “vende” algo que não está ligado diretamente a ele, como, status,
relacionamentos ou mesmo sentimentos (alegria, felicidade e bem-estar, por
exemplo).
A pesquisa deverá constar:
1. explicação do tipo de produto escolhido;
2. a quantidade propagandas foram analisadas
3. diferenças do(s) tipo(s) de suporte midiático em que as
propagandas foram coletadas (televisão, jornal, revista, internet etc.);
4. explicação dos resultados das análises dos itens a e b;
5. criação de uma redação unificando as informações.
5. criação de uma redação unificando as informações.
O papel da linguagem na transmissão cultural e os meios de comunicação de massa / Cultura versus cultura de massa - 2º ANO
O papel da linguagem na transmissão cultural e os meios de
comunicação de massa
Como vivemos em sociedade, não é possível deixar de lembrar
que não há cultura individual e que toda cultura é socialmente partilhada. O
homem, ao nascer, é absolutamente frágil, um dos seres mais frágeis que
existem. Assim como outros mamíferos, ele precisa que alguém lhe dê água,
comida, abrigo e que cuide de sua higiene.
Mas, ao contrário do que ocorre com os outros animais,
pode-se ensinar praticamente tudo a um ser humano já na primeira infância.
Assim, um bebê nascido no Brasil e criado por outra família na China vai agir
falar e pensar de acordo com os hábitos culturais da família que o adotou. Ele
poderá não gostar de arroz com feijão e ter dificuldade de pronunciar palavras
da língua portuguesa, caso algum dia retorne para cá. Ele pensará como um
chinês e falará como tal. Provavelmente gostará de comidas que, para o paladar
brasileiro, são consideradas inadmissíveis, como escorpiões e certos tipos de
insetos. Certamente terá maior facilidade em comer com fachis (em japonês,
hashis, os “palitos” que muitos povos asiáticos utilizam para se alimentar).
Enfim, agirá e pensará como um chinês, embora tenha nascido de pais
brasileiros. O mesmo não ocorre com os animais. Um gato, por exemplo, pode até
ser criado com uma família de cachorros, mas nunca latirá. Isso porque seu
comportamento é regido muito mais pelos instintos.
Logo, para os seres humanos, a linguagem tem papel
importantíssimo na apreensão dos conteúdos simbólicos, pois é por meio dela que
nos tornamos seres humanos. É por intermédio dela que os padrões culturais são
transmitidos por meio de símbolos e sinais. E na nossa sociedade existem vários
mecanismos de transmissão cultural.
Alguns grupos dos quais fazemos parte são importantes
mecanismos de transmissão cultural, como a família, os amigos, o trabalho, a
vizinhança, a escola, entre outros. Outros mecanismos de transmissão cultural
são os meios de comunicação, como a televisão, o rádio, a internet, os jornais,
além dos livros, das obras de arte, dos brinquedos, entre muitos outros.
Se a linguagem é essencial na transmissão cultural, cada vez
mais na nossa sociedade ela é transmitida pelos meios de comunicação de massa.
Por meio deles compreendemos o que se passa na sociedade e como devemos agir
socialmente.
Cultura versus cultura de massa
Os sociólogos não concordam entre si sobre o seu significado
e muito menos quanto à sua conotação. De forma geral, usam a palavra “massa” para
designar um grande número de pessoas, heterogêneas quanto à origem social e
geográfica, e indiferenciadas entre si quanto a normas de comportamento e
valores. O termo, às vezes, é usado de forma positiva e, em outras, de forma
negativa. Tanto pode ser usado para referir-se ao conjunto da população, quando
as pessoas falam, por exemplo, “naquela partida de futebol havia uma massa
humana imensa”, como para referir-se aos grupos populares, como em “a esgrima
não é um esporte para todos, não é um esporte para a massa” (CUCHE, 2002, p.
158). De qualquer maneira, deve-se ter muito cuidado ao falar em cultura de
massa, pois esse termo pode passar a ideia de que existiria uma cultura da
maioria da população, uma cultura de massa, e outro tipo de cultura, partilhada
por poucos. Muitos autores não trabalham mais com a divisão entre cultura
popular (entendida como cultura do povo, da maioria da população) e cultura
erudita (uma cultura partilhada por membros da elite), pois ela dá a entender
que a maioria das pessoas seria dotada de hábitos tão diferentes de outras
parcelas da população que acabariam constituindo entre si uma cultura própria.
De modo geral, acredita-se que haja uma cultura partilhada e que os diferentes
segmentos que a compõem se inserem de forma distinta numa mesma cultura
partilhada por todos. O que ocorre é que cada segmento possui um lugar próprio
dentro de uma cultura partilhada por todos.
Confunde-se cultura para as massas e cultura de massa. Uma
grande massa de indivíduos recebe uma mesma mensagem, mas isso não quer dizer
que todos a compreendam igualmente (CUCHE, 2002, p. 158). A mensagem veiculada
pelos meios de comunicação de massa dirige-se a grandes parcelas da população,
porém, seria ingênuo acreditar que todos a entendam de forma idêntica.
“Eles [a “massa”] se apropriam deles [programas de televisão],
reinterpretam-nos segundo suas próprias lógicas culturais. Uma série de
televisão como Dallas, que obteve um sucesso quase mundial, até nas favelas de
Lima, no Peru, ou nas aldeias saarianas de Argélia, não foi compreendida da
mesma maneira nem assistida pelas mesmas razões em todos os lugares, em todos
os meios sociais. Por mais “padronizado” que seja o produto de uma emissão, sua
recepção não pode ser uniforme e depende muito das particularidades culturais
de cada grupo, bem como da situação que cada grupo vive no momento da recepção.”
CUCHE, Dennys. A noção de cultura nas Ciências Sociais. 2
ed. Bauru: Edusc, 2002. p. 159-160.
Quando um produto é lançado no mercado, isso não significa
que ele será, de imediato, consumido em larga escala e que todos,
independentemente de sua idade, sexo ou grupo social ao qual pertençam, o
aceitarão sem restrições. Um bom exemplo é o do telefone. Hoje visto como
equipamento essencial para a maioria das pessoas, quando surgiu, no final do
século XIX, não foi tão bem-visto.
“Hoje, o telefone
é um importante meio de comunicação. Ele sofisticou-se e transformou-se no
telefone celular. Milhões de equipamentos são fabricados e vendidos, todos os
anos, para os mais diferentes países. Além disso, são muito cobiçados, pois
novos modelos surgem diariamente. Entretanto, sua história não foi bem-aceito
em muitos lugares. Ao que parece, era visto como um intruso no espaço privado.
Numa época marcada pela formalidade, em que era inconcebível que as pessoas se
visitassem sem convite ou agendamento prévio, esse aparelho que toca sem hora
marcada incomodava porque invadia a privacidade. Afinal, podia tocar nos
momentos mais improváveis. Como nas casas abastadas quem atendia a campainha
eram os empregados, até o ato de se levantar para atendê-lo não era bem-visto
pelos membros da elite, pois parecia um gesto servil. Logo, para que essa
invenção se tornasse um meio de comunicação de massa aceito por todos, foram necessárias
várias décadas.”
Elaborado especialmente
para o São Paulo faz escola.
Responda as questões abaixo:
1. É possível falar em cultura de massa? Exponha o que você
entendeu.
2. Explique a relação entre cultura e linguagem.
Sugestões de filme - 2º Ano
1) O visitante
Direção: Thomas McCarthy. EUA, 2009. 105 min.
Walter Vale (Richard Jenkins) é um professor universitário de 62 anos, que não tem um objetivo na vida. Solitário desde o falecimento de sua esposa, ele permanece na universidade em que trabalha e finge ser co-autor de livros os quais nem lê. Um dia é enviado para uma conferência em Nova York, já que a autora de um destes livros está impossibilitada de comparecer. Reticente a princípio, mas sem escapatória, Water viaja. Ele resolve ficar em seu apartamento na cidade, o qual não visita há vários meses. Porém ao chegar descobre que o local agora abriga um casal de imigrantes ilegais, formado pelo sírio Tarek (Haaz Sleiman) e a senegalesa Zainab (Danai Jekesai).
2) O povo brasileiro. Direção: Isa Grinspun Ferraz. Brasil, 2000. 280 min. Recriação da narrativa de Darcy Ribeiro. Discute a formação do povo brasileiro, destacando nossa origem mestiça e o singular sincretismo cultural dela resultante.
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
O Movimento feminista
O Movimento Feminista
Assim como tantas outras lutas, a luta das mulheres por direitos também não foi fácil. O sentido do que significa ser mulher variou ao longo da história. As mulheres foram vistas em muitas sociedades como seres inferiores, por natureza; tiveram que quebrar uma serie de preconceitos não só da parte dos homens, mas também de outras mulheres. Esta luta que na maior parte das vezes, era de um movimento de mulheres, no século XX passou a se organizar na forma do feminismo. Um movimento que ao tomar consciência do caráter histórico da condição feminina, propôs justamente a alteração dessa condição.
Pode-se dizer que o feminismo foi um movimento heterogêneo em que mulheres de diversos segmentos lutaram por direitos diferentes, dependendo de seus interesses. Isso ocorreu porque a condição feminina é plural, e tal diversidade se expressou em diferentes reivindicações.
No Brasil os movimentos de mulheres procuram intervir no mundo público a partir da condição de dona de casa, esposa e mãe. São exemplos dessas organizações: os movimentos contra carestia, os clubes de mães e o movimento pela anistia, entre outros. Mas o movimento feminista procurava colocar em discussão a própria condição feminina.
Na verdade, no século XIX existiam duas grandes correntes dentro do feminismo; a linha igualitarista (que era a favor da igualdade entre homens e mulheres) e a linha dualista (que valorizava a diferença da contribuição feminina).
Logo, a luta das mulheres por cidadania não foi uma luta que uniu todas as mulheres em uma mesma causa, em todos os momentos. Na verdade, aquelas pertencentes a burguesia lutava mais por direitos políticos e as pertencentes às classes trabalhadoras, por direitos trabalhistas. É por isso, que durante muito tempo, o que existiu não foi o feminismo enquanto um movimento de luta pela alteração das relações entre homens e mulheres, mas, sim movimentos de mulheres. Ou seja, as idéias e as práticas feministas nunca forma homogêneas; nem no Brasil, nem em outros países. A
Os movimentos dos Trabalhadores Rurais
Os movimentos dos
Trabalhadores Rurais
Refere-se
às mobilizações de grandes contingentes de pessoas que vivem e trabalham em
área rural. Na situação de aprendizagem anterior, pode-se perceber que
existiam, desde o século XIX, movimentos de revolta de segmentos da população
rural, que lutavam contra os desmandos dos coronéis, a dificuldade de acesso à
terra que lhes permitisse plantar e
garantir a sua sobrevivência, as injustiças e a sistemática expulsão de lugares
de moradia. Ainda que as tentativas de organização e mobilização desses
trabalhadores não tenham sido em números comparável às dos trabalhadores urbanos,
algumas dessas são até hoje tidas como expressão de resistência ao contexto de
mudanças que atingiam as populações camponesas.
Verifique
que é no período de 1850 que cresce a luta pela reforma agrária, pela justa
distribuição de terras e direitos trabalhistas, mas somente em 1963, com a
criação do Estatuto do Trabalhador Rural, alguns direitos serão estendidos a
essa categoria, especialmente o direito de organizar sindicatos. Logo em
seguida foi criada a Confederação
Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (CONTAG ) que passou a representar
todos os trabalhadores rurais e desenvolver a luta em defesa dos direitos dos
trabalhadores.
Alguns exemplos da luta dos
trabalhadores rurais:
Ligas
Camponesas – tem sua
origem em 1954, pelos trabalhadores do Engenho da Galileia, da Sociedade
Agrícola e Pecuária de Plantadores de Pernambuco (SAPPP).Entretanto, diante da
reação do proprietário do engenho, recorreram a um advogado, Francisco Julião
Arruda de Paula, que se tornou defensor dos trabalhadores e teve papel
importante no fortalecimento das Ligas, as quais foram legalizadas em 1955, e,
deixou após o golpe militar em 1964.
O movimento dos Trabalhadores Rurais
sem Terra (MST) – para falar de MST é preciso
lembrar a luta pela terra que o antecedeu e a concentração da propriedade
fundiária do Brasil. A história desse movimento se situa no contexto da
economia brasileira e das políticas fundiárias responsáveis pela concentração
de terras nas mãos de grandes proprietários e a conseqüente expulsão dos trabalhadores
rurais.
O MST foi criado em 1984 tendo como
objetivo a luta pela reforma agrária, a construção de uma sociedade mais justa,
a expropriação de latifúndios improdutivos e o estabelecimento de uma área
mínima de hectares para a propriedade rural. Está organizado em 24 Estados
Brasileiros e, como forma de pressão na luta pela terra recorre à ocupações, ou
seja, a instalação de grandes número de famílias em latifúndios improdutivos,
os chamados acampamentos. Possui uma organização vertical, com uma direção
colegiada onde todos os dirigentes têm o mesmo nível de responsabilidade. Além
disso, propõe as cooperativas de produção como forma de organização das
famílias assentadas, isto é quando conseguem o acesso definitivo a terra. Uma
característica marcante do MST é a ênfase na educação com a criação de escolas
nos assentamentos, com o objetivo de aumentar a taxa de escolaridade e o
espírito critico dos trabalhadores.
O movimento sindical no Brasil
Movimento Sindical no Brasil
Sindicato:
associação, para fins de estudo, defesa e coordenação de interesses econômicos e/ou profissionais, de
todos os que (na qualidade de empregados, empregadores, agentes ou
trabalhadores autônomos ou profissionais liberais) exerçam a mesma atividade ou
atividades similares ou conexas.[1]
Obs* O movimento operário
no Brasil possuiu várias vertentes e formas de atuação até que fossem
constituídos e regularizados os sindicatos (especialmente o novo sindicato).
Sua
origem remonta aos últimos anos do século XIX e está vinculada ao processo de
transformação da economia brasileira, cujo centro agrário era o café:
substituição do trabalho escravo pelo assalariado; transferência de lucro do
café para a industria; e poder nas mãos do cafeicultores. Suas principais
formas de organização foram: Sociedades de socorro de ajuda mútua, União
operária, que com advento da indústria passou a se organizar por ramo de
atividade dando origem ao sindicato.
O movimento sindical no Brasil não pode ser
entendido fora do contexto histórico e político. Do ponto de vista da
Sociologia, ele nasce de um longo processo de relações sociais entre grupos com
interesses divergentes entre si, que detiveram posições divergentes entre si; posições de força antagônicas no campo de
poder da esfera do trabalho e, nem sempre puderam participar e atuar
politicamente em condições de igualdade.
Os sindicatos nascem no bojo do operariado
brasileiro, o qual se caracterizou como um segmento dividido em facções
diferentes, com comportamento políticos e formas de atuação diversas,
orientados por idéias e linhas de pensamento não coincidentes entre si. O
patronato por sua vez, nem sempre acatou a resolução do Estado da mesma forma.
E empresas diferentes adotaram medidas próprias com relação aos seus operários,
não necessariamente em concordância com o que outras organizações industriais
faziam. Já o Estado implementou medidas e promulgou leis que favoreceram hora um grupo; hora outro
grupo. Isso fica mais claro com a analise do contexto histórico:
Período: República Velha (1889 a 1930) –
predominava como ideário político o liberalismo em sua vertente mais ortodoxa,
as oligarquias e grandes proprietários rurais, bem como as elites da emergente
industria nacional, que não cabia ao Estado promover a assistência social.
qualquer interferência do governo era vista como violação da liberdade do
exercício profissional.
Era Vargas (1930-1945) – pôs fim ao poder das velhas oligarquias. O
Estado novo defendia o desenvolvimento econômico com base no crescimento
industrial, na construção de ferrovias, no fortalecimento das forças armadas e
da defesa nacional. Tratava-se de uma visão de Estado centralizadora e
autoritária. Em nome da necessidade de manutenção da ordem social, rejeitava o
conflito social e impunha a cooperação entre trabalhadores e patrões, sob a
supervisão do Estado. Desse modo, empregados e empregadores eram obrigados a se
filiar a sindicatos controlados pelo governo.
Era Nacional-Desenvolvimentista (1945-1964) – após a derrubada de Vargas e a convocação de
eleições presidencialistas e legislativas em dezembro de 1945 o Brasil
vivenciou sua primeira experiência democrática da história. Governos,
militares, empresários e trabalhadores se posicionaram antagonicamente em torno
das principais questões de interesse nacional da época: Guerra Fria, o petróleo
e inclusive a política sindical e trabalhista. O movimento sindical desse
período pela sua estreita ligação com os partidos políticos reforçava o cooperativismo
e as entidades de cúpula, distanciando-se das bases operárias e de seus
interesses propriamente econômicos que políticos.
Ditadura militar (1964 – 1985) – durante o regime
militar os órgãos sindicais forma severamente reprimidos. Mas, foi justamente
no período militar que ocorre a expansão de novos setores da economia,
especialmente o de bens de consumo durável de capital. Foi entre os
metalúrgicos de empresas automobilísticas multinacionais e empresas nacionais
de siderurgia, maquinas e equipamentos, sobretudo da Grande São Paulo, que
surgiu o novo movimento sindical. Esse movimento tem sua origem na crítica à
política econômica do governo militar , especialmente a que se referia aos
salários, nas lutas pelo direito de greve, autonomia e liberdade sindical, pelo
direitos democráticos e na defesa de negociação direta com o patronato,
afirmando assim o seu compromisso com os trabalhadores. A expressão mais forte
da resistência do s trabalhadores e do movimento sindical ocorreu nas greves de
1968 e nas do final dos anos 1970 na região do ABC, tendo como liderança a
categoria dos metalúrgicos.
O movimento operário - 3º ano
Movimento Operário
O movimento operário brasileiro viveu
anos de fortalecimento entre 1917 e 1920, quando as principais cidades
brasileiras foram sacudidas por greves. Uma das mais importantes foi a greve de
1917 em São Paulo, em que 70 mil trabalhadores cruzaram os braços exigindo
melhores condições de trabalho e aumentos salariais. A greve durou uma semana e
foi duramente reprimida pelo governo paulista. Finalmente chegou-se a um acordo
que garantiu 20% de aumento para os trabalhadores.
A ascensão do movimento operário no
Brasil naquele anos finais da década de 1910 relacionava-se diretamente à
vitória dos comunistas na Revolução Russa. Vários grupos operários no Brasil e
no mundo acreditavam que havia chegado o momento de colocar um fim à exploração
capitalista e construir uma nova sociedade. Esse entusiasmo não foi suficiente,
no entanto, para que a revolução se disseminasse. Os anos 20, apesar de alguns
avanços em termos de legislação social, foram difíceis para o movimento
operário, que foi obrigado a enfrentar grandes desafios.
O primeiro deles foi o
recrudescimento da repressão por parte do governo. A justificativa apresentada
era a de que o movimento operário era artificialmente controlado por lideranças
estrangeiras radicais que iludiam o trabalhador nacional. Por conta disso foi
aprovada no Congresso, em 1921, a Lei de Expulsão de Estrangeiros que permitia,
entre outras coisas, a deportação sumária de lideranças envolvidas em
distúrbios da ordem e o fechamento de organizações operárias. O principal alvo
dessa lei eram os anarquistas.
A expansão do anarquismo foi rápida
nas grandes cidades brasileiras nas primeiras décadas do século XX. Suas
propostas de supressão do Estado e de todas as formas de repressão encontraram
receptividade entre os trabalhadores naqueles tempos em que o jogo político era
exclusividade das oligarquias e praticamente inexistia qualquer proteção ao
trabalho. Governo e patrões eram vistos pelos anarquistas como inimigos a serem
combatidos a todo custo. Suas idéias eram difundidas por meio de congressos e
por uma imprensa própria e, entre outros, destacaram-se como divulgadores do
ideário anarquista José Oiticica, Everardo Dias e Edgard Leuenroth.
As correntes anarquistas dividiam a
liderança do movimento operário com outros grupos políticos. Particularmente no
Rio de Janeiro, era bastante influente uma corrente política moderada, não
revolucionária, interessada em obter conquistas específicas como diminuição da
jornada de trabalho e aumentos salariais. Esses grupos preocupavam-se ainda em
garantir o reconhecimento dos sindicatos por parte do Estado. Ao contrário dos
anarquistas, atuavam no espaço político legal apoiando e lançando candidatos.
Os grupos revolucionários os chamavam pejorativamente de "amarelos".
A partir de 1922, outra corrente se
definiu dentro do movimento operário: a dos comunistas. Naquele ano, embalados
pela criação do primeiro Estado Socialista na Rússia, militantes brasileiros
fundaram o Partido Comunista do Brasil (PCB). Entre os fundadores estavam
ex-lideranças anarquistas como Astrojildo
Pereira e Otávio Brandão.
Ao contrário dos anarquistas, que
viam o Estado como um mal em si, os comunistas o viam como um espaço a ser
ocupado e transformado. Essas concepções os levaram, seja na ilegalidade, seja
nos breves momentos de vida legal, a buscar aliados e participar da vida
parlamentar do país. Uma liderança que os comunistas tentaram atrair em 1927
foi Luís Carlos Prestes, que naquele ano se exilou na
Bolívia. Através do Bloco Operário Camponês (BOC), sua face legal, o PCB elegeu
dois vereadores para a Câmara Municipal carioca em 1928: o operário Minervino de
Oliveira e o intelectual Otávio Brandão.
Todos esses esforços não foram suficientes para
produzir uma mudança significativa na vida material do conjunto da classe
trabalhadora no final dos anos 20. A legislação aprovada quase nunca era
aplicada. Isso ocorria, entre outras razões, porque o movimento operário
encontrava-se ainda limitado e restrito a alguns poucos centros urbanos
O Movimento Operário - 3º Ano
Movimento Operário no Brasil
Diferentemente do que ocorreu na
Inglaterra, a formação da classe trabalhadora industrial urbana ocorreu bem
mais tarde, no Brasil do que nos países europeus. Devido ao fato de que, até a
vinda da Corte Portuguesa, a instalação de qualquer tipo de indústria
manufatureira era proibida na colônia. Isso porque Portugal desejava deter o
monopólio da comercialização de produtos manufaturados para o Brasil. Desse modo, até 1808, a maior parte das
ferramentas, dos tecidos, dos armamentos, munições cerâmicas, livros, entre
outras coisas vinha de Portugal. Após a vinda da Corte (família real), deu-se a
abertura dos portos para as nações amigas, O Brasil passou a comprar produtos
da Inglaterra, e o consumo diversificou-se. Porém, a entrada maciça de produtos
ingleses no mercado brasileiro dificultou muito o surgimento de uma indústria
nacional, não havia como competir em quantidade e variedade.
O interesse no desenvolvimento
industrial só foi possível a partir de 1850, quando o tráfico de escravos foi
proibido. Isso gerou demanda de mão de obra e estimulo a entrada de um número
significativo de imigrantes estrangeiros, que viriam ajudar a formar a classe
operária assalariada. Inicialmente, as condições de trabalho dos operários de
fábrica eram tão ruis quanto na Inglaterra: homens, mulheres e crianças
trabalhavam longas horas, sem direitos á férias, indenização por acidente de trabalho ou qualquer tipo de
proteção por parte do Estado (a maior
parte dessas pessoas trabalhavam em fabricas nos principais centros urbanos, na
virada do século XIX para o XX, no rio de Janeiro e São Paulo).
“No início dos anos 1920, a classe operária brasileira era pequena
e se formara recentemente, não chegando a 300 mil pessoas. Internamente, porém,
já podia ser considerada diversificada, tanto do ponto de vista social, quanto
político. No Rio de Janeiro, por exemplo, a industrialização era mais antiga e
o perfil do operariado tendia a ser mais nacionalizado. Segundo José Murilo de
Carvalho, havia, contudo uma presença expressiva de portugueses, cuja cultura e
tradição não eram muito diferentes da brasileira, e de operários do Estado e
membros da população negra, incluindo ex-escravos. Comparativamente em São
Paulo, a maior parte dos operários era de imigrantes, especialmente italianos e
espanhóis, e a presença de empresas públicas e do operariado era pequena”.
A mistura de operários, de origens
diversas gerou comportamentos políticos diferentes nas duas cidades. A presença
de imigrantes e estrangeiros trouxe muitas idéias vigentes no contexto europeu
para o movimento operário no Brasil, essas idéias influenciaram movimentos
diferentes, e muitas vezes antagônicos. É possível identificar, nas duas
primeiras décadas do século XX, pelo menos quatro grandes grupos de interesse
no interior do movimento operário:
- Amarelos ou reformistas: eram setores menos agressivos,
mais próximos do governo. Ainda que buscassem a melhoria das condições de
trabalho e de vida para os trabalhadores, não se opunham à ordem estabelecida,
mantendo assim uma relação “clientelista” com seus empregadores.
- Anarquistas: constituíam os setores mais
radicais, que rejeitavam qualquer relação com o Estado e com a política,
bem como os partidos, o Congresso e mesmo com a pátria. Para os anarquistas,
o Estado ou qualquer outra instituição autoritária hierarquicamente
superior era considerado dispensável e até mesmo nocivo para o
estabelecimento de uma comunidade humana autêntica. Dessa forma, eram
contra qualquer tipo de organização ou dominação patronal.
- Comunistas: organizados oficialmente
em1922, defendiam a tomada do poder por meio da revolução. A causa
operaria dos comunistas era lutar contra o sistema capitalista, substituindo
o controle do Estado pelo partido, centralizado e hierarquizado, até que
pudesse ser criada uma sociedade sem classes, onde a propriedade privada
seria abolida e os meios de produção seriam de todos. Desse modo, o Estado se tornaria desnecessário e
posteriormente deixaria de existir.
- Socialistas: menos radicais que os
anarquistas e comunistas, acreditavam que podiam fazer avançar os
interesses da classe operaria por meio da luta política, ou seja, da
conquista e do exercício dos direitos políticos.
Do ponto de vista da cidadania o
movimento operário significou um avanço inegável, sobretudo ao que se refere
aos direitos políticos e sociais. O movimento lutava por direitos básicos como
o de organizar-se, de escolher o trabalho e fazer greve. Os operários lutaram
também por uma legislação trabalhista que regulasse o horário de trabalho, o
descanso semanal, as férias, e por direitos sociais, como: seguro contra
acidentes de trabalho, e aposentadoria. Tudo isso teve impacto na forma como o
Estado brasileiro se relacionava com as questões de trabalho na Primeira
República. Até então, a posição do governo era manter-se distante das relações
entre patrões e empregados, interferindo nos conflitos por meio da força
policial. Naquela época a “questão operária” era entendida como uma “questão de
polícia” e tendia a ser vista como uma agitação política perturbadora da ordem
social. Por essa razão foram votadas leis de expulsão de operários estrangeiros
acusados de anarquismo e posteriormente, a hostilidade contra setores mais
radicais ficou evidente quando o partido comunista foi considerado ilegal no
mesmo ano de sua fundação (1922).
Responda das questões abaixo:
1. Quais são os fatores apontados no texto que explicam porque a formação de uma classe trabalhadora industrial urbana se desenvolveu tardiamente no Brasil?2. As condições dessa classe trabalhadora industrial urbana no Brasil eram as mesmas que as da Inglaterra? Explique.
3. Pode-se afirmar que essa classe trabalhadora tinha a mesma formação independentemente da cidade em que se localizava? Justifique.
4. Analise as condições de trabalho.
O Conflito pela Terra - 3º ano
Texto 1:
O conflito pela terra
Verifique
que os direitos sociais e a história da cidadania no Brasil, são fruto de um
longo processo histórico, ou seja, é fruto e foram construídos em diversos
contextos sociais e políticos.
É
importante lembrar que mudanças introduzidas no Primeiro e Segundo Reinados não
podiam ser debatidas, questionadas, defendidas ou deliberadas por
representantes do povo. Durante o Império, em que vigorou uma Monarquia
Constitucional, e posteriormente, após a proclamação da Primeira República,
parcela significativa da população estava excluída do processo de decisão
eleitoral, como apontam LUCA in PINSKY:
“A esmagadora maioria da população vivia nas áreas
rurais e estava submetidas aos desígnios dos grandes proprietários. Em 1920,
apenas 16,6%, dos brasileiros residiam em cidades com vinte mil habitantes ou
mais, enquanto a taxa de analfabetismo girava em torno de 70%.”[1]
Vê-se
ainda, que a utilização do trabalho escravo, tanto indígena quanto do negro
africano, teve um profundo impacto nas relações sociais no Brasil. As
populações que viviam sob esse regime sofreram a opressão do trabalho
compulsório, dos maus-tratos, da tortura dos castigos, das doenças e do
extermínio. Verificou-se que muitos escravos procuraram fugir da condição de
cativos, refugiando-se em comunidades (quilombos), onde buscavam preservar
certa autonomia, criando estilo de vida e cultura próprios, produzindo
alimentos e comercializando com comunidades vizinhas; ou rebelaram-se no
interior das próprias fazendas negociando melhores condições de vidas com seus
senhores. Em algumas cidades, como Salvador, essas revoltas reuniram cativos e
libertos de diversas origens étnicas, que lutaram pela libertação dos escravos,
pela liberdade de professar suas religiões e crenças, e, pelo controle do poder
local.
Por sua
vez, proprietários de terras sem escravos, homens livres pobres, fossem eles
brancos, mestiços, indígenas, negros libertos, escravos fugidos, pequenos
comerciantes e trabalhadores que viviam do que cultivavam nos espaços de terras
cedidos pelos grandes proprietários, ou daquilo que extraíam das matas e
margens dos rios, sofriam a opressão dos grandes senhores de escravos, os quais
detinham a maior extensão de terra e também o poder político local (eram
delegados de polícia, juizes municipais ou representantes da Guarda
Nacional).
As
populações mencionadas acima, tinham relações diferentes com a terra, pode-se
ver, que os senhores de escravos, e após a Abolição, os fazendeiros do
café e grandes proprietários rurais.
Alguns indivíduos vivam na condição de posseiros, cultivando roças e mantendo
sítios em áreas que muitas vezes eram reivindicadas por grandes proprietários
que obtinham direitos a elas por meio do sistema de concessão de sesmarias[2].
Outros viviam como agregados nas fazendas , sem direitos à propriedade da
terra, obrigados ao pagamento de tributos, em forma de trabalho ou produtos,
dependendo da época e das condições impostas pelo fazendeiro.
Perceba que
as relações de poder no século XIX e início do século XX eram extremamente
desiguais, e a luta política era intensa e violenta. O que estava em jogo não
era o exercício de um direito de cidadão, mas o domínio político local. O chefe
político local, também conhecido como coronel[3],
não podia perder poder: a derrota representava desprestígio e a perda de
controle de cargos públicos.
Por esse
viés, a manutenção do poder por chefes locais se dava por meio do
“clientelismo”, geralmente os segmentos da população mais pobre, garantia aos
primeiros os votos necessários nas eleições legislativas para o Senado e para a
Câmara dos Deputados durante o período da Monarquia Constitucional, perpetuando
assim o poder das oligarquias[4]
rurais.
As tensões sociais entraram em crise e diversos conflitos
vieram à tona, como as Guerras de Canudos e Contestado, ambos movimentos
marcados por uma profunda reação à injustiça dos fazendeiros, dos senhores de
escravos, das oligarquias rurais, representadas pelo poder da República. Porém,
deve-se ter em mente que essas revoltas embora muito diferentes entre si,
ocorreram em um contexto histórico e político em que as camadas mais pobres da
população não tinham representantes junto ao governo que defendessem seus
interesses; as condições de vida eram muito precárias e o autoritarismo dos
líderes políticos locais , bem como dos governos provinciais, não favorecia a
negociação das demandas sociais dessas populações.
[1] LUCA,
Tânia Regina. Direitos sociais no Brasil. In PINSKY,Jaime; Carla B. (Orgs.) História da Cidadania, 4. ed.
2. reimp. São Paulo: Contexto, 2008. p.469-470.
[2] Antigo
sistema de concessão de terras consideradas incultas ou abandonadas pela Coroa
portuguesa aos colonos, que perdurou até o século XIX.
[3] Na época
do Império, a guarda Nacional era uma instituição militar cujo posto mais alto
era o de coronel. Geralmente a pessoa que ocupava essa posição hierárquica
exercia grande influencia política, sobretudo nos municípios. Com o tempo a
guarda perdeu a sua natureza militar, mas aqueles que ocupavam a posição de
coronel continuavam a ter muito poder. Desse modo, o termos coronel passou a se
referir ao chefe político local.
[4] Forma de
governo em que o poder está nas mãos de um pequeno grupo de indivíduos.
Texto 2:
O conflito pela terra
No Brasil,
a população que aqui residia, em sua diversidade, sejam nações indígenas, os
diversos grupos escravos de origens étnicas as mais variadas, as populações
ribeirinhas, os camponeses e trabalhadores rurais, homens livres e negros
libertos, pequenos comerciantes, mestiços e outros que compunham a maior parte
do que hoje denominamos “povo brasileiro, sempre encontrou meios de se
manifestar, organizar, mobilizar e atuar em muitas formas, de modo a
reivindicar interesses mudanças junto aos grupos sociais dominantes. Embora,
não se possa falar ainda em movimentos populares propriamente ditos, constituem
participações políticos relevantes na história do Brasil”.
Revoltas e
rebeliões, em geral, ocorreram pela disputa e posse de territórios, pelo
direito à exploração de minérios, especialmente o ouro, e também de exercer
atividades comerciais, vendendo e usufruindo livremente do lucro obtido a
partir da comercialização da sua produção, revolta quanto ao aprisionamento e
escravização de índios e negros africanos, cobrança de impostos pelo governo,
abuso de poder das autoridades e opressão de oligarquias rurais sobre a
população mais pobre, que vivia do trabalho da terra.
Tais
revoltas e rebeliões se assemelharam por terem sido de forte caráter popular e,
na maior parte das vezes, terem contado com a participação de vários grupos dos
setores mais pobres da população, como populações ribeirinhas, homens livres
pobres, mestiços, negros “de ganho” e escravos, sertanejos entre outros. Diferem
pelas motivações e circunstâncias que levaram aos acontecimentos. Por exemplo:
* Durante o
Primeiro Reinado (1832-1840) tiveram um caráter fortemente oposicionista aos
governos locais e, muitas vezes, traziam o objetivo de tomar o poder e tornar
independente do restante a província ou região do Brasil.
* A partir de
1850, ocorreram revoltas contra medidas adotadas pelo governo que interferiam
na vida da população de formas consideradas ilegítimas (esse foi o entendimento
em relação à interferência do Estado nas funções tradicionalmente atribuídas à
Igreja (secularização) e, na mudança do sistema de pesos e medidas, que
transformaram a comercialização dos produtos então vigente).
* Já na
instauração da República (1889), os movimentos populares tiveram como principais
características a luta pela terra , a oposição ao poder dos coronéis e das
empresas exploradoras das regiões em disputa e a força da religiosidade
popular, que mobilizou as populações em torno de suas crenças contra as forças
do governo arregimentadas para combatê-las.
Questões:
1. Com base no texto cite os principais fatores que
levaram às revoltas e rebeliões no Brasil do século XIX.
2. Utilizando o texto compare os eventos ocorridos em
1832 e 1840 e aqueles ocorridos a partir de 1851 (quais suas características,
em que se assemelham e, em que se diferenciam).
Revoltas Sociais no Brasil - 3ºano
Data
|
Evento
|
Local
|
Atores sociais envolvidos
|
Características
|
1832 a 1835
|
Revolta dos Cabanos
|
Pernambuco e Alagoas
|
Pequenos proprietários, índios, brancos pobres sem-terra e
sem-trabalho e negros fugidos, liderados
pelo mulato Vicente Ferreira de Paula.
|
Os rebelados tinham como principais demandas sociais a libertação dos
escravos e a posse da terra na região das matas entre o sertão e a zona
litorânea de Pernambuco e Alagoas, reivindicada pelos grandes senhores de
terras, de onde os cabanos tiravam seu sustento. A revolta durou três anos e
foi enfrentada pelas tropas do governo em forma de guerrilha, nas matas da
região.
|
1835 a 1840
|
Cabanagem
|
Belém (PA), na então província do Grão-Pará.
|
Índios chamados de “tapuios”, negros libertos e mestiços, liderados
pelo lavrador Francisco Vinagre e pelo seringueiro Eduardo Angelim.
|
A principal motivação para a revolta foram as ações do governo da
província do Grão-Pará, considerado impopular e responsável pela miséria em
que essas populações viviam. Os cabanos tomaram a capital, Belém (PA),
mataram o governador e decretaram independência em relação ao Império
brasileiro. A luta continuou até 1840; foi a rebelião mais sangrenta da
história do Brasil, com cerca de 30 mil mortos (20% da população).
|
1835
|
Revolta dos Malês
|
Salvador (BA)
|
Negros alforriados e escravos muçulmanos nagôs, que se uniram
a outros das nações iorubá, hauçá,
jeje e tapa.
|
Embora não tivessem um projeto político definido, pretendiam tomar o
governo e se tornar livres, a fim de professar suas crenças religiosas e
vivenciar suas identidades étnicas em um país predominantemente católico e
fortemente dominado por um regime senhorial escravocrata.
|
1838 a 1840
|
Balaiada
|
Maranhão e Piau
|
Vaqueiros, artesãos e escravos
fugitivos, liderados pelo fabricante de balaios Manoel Francisco Gomes.
|
As origens da Balaiada estão nos
desmandos e abusos de poder perpetrados pelas autoridades locais que, em um
momento de forte crise da economia maranhense, conduziram ao levante das
populações locais contra o governo provincial. Os “balaios” chegaram a reunir
11 mil homens armados e tomaram a cidade de Caxias (MA), mas foram derrotados
em 1840 por Luís Alves de Lima e Silva, que veio a se tornar o Duque de
Caxias.
|
1851 a 1852
|
Revolta contra o Censo Geral do Império e o Registro Civil de
Nascimentos e Óbito
|
Todas as províncias do
Nordeste e norte de Minas Gerais
|
Camponeses e trabalhadores rurais pobres.
|
Até 1850, o único registro que havia era dos escravos que entravam no
país. Por isso, a população temia que o governo estivesse estabelecendo um
novo tipo de escravidão ao impor o censo. O registro civil de nascimentos foi
interpretado como uma sobreposição do poder do Estado em relação à Igreja, o
que era considerado inadmissível.
|
1874
|
Revolta do Quebra-Quilos
|
Rio de Janeiro, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte
|
Pequenos proprietários, comerciantes e consumidores.
|
Ao mudar o velho sistema de pesos e medidas, o governo do Visconde de
Rio Branco introduziu também a cobrança de aluguéis e taxas dos novos
sistemas de aferição dos pesos e medidas, o que onerava os comerciantes,
aumentando ainda mais o descontentamento da população com relação às
mudanças, provocando inúmeras reações de rebelião.
|
1896 a 1897
|
Guerra de Canudos
|
Sertão da Bahia
|
Jagunços, camponeses e
ex-escravos.
|
Rejeitando as medidas secularizadoras adotadas pela República, o líder
Antônio Conselheiro tentou criar uma comunidade de santos, onde as pessoas
viveriam unidas pela fé, exercendo práticas religiosas tradicionais. Ele
acreditava que a cobrança de impostos e o casamento civil eram práticas
contrárias ao que a Igreja preconizava e que o modo de vida defendido por ele
poderia acabar com as diferenças sociais. Canudos foi inteiramente destruída
pelas forças republicanas em 1897.
|
1912 a 1916
|
Guerra do Contestado
|
Paraná e Santa Catarina
|
Trabalhadores sem-terra, liderados
pelo monge José Maria.
|
Os moradores da região reivindicavam o direito de propriedade das
terras que cultivavam, ocupadas por oligarquias regionais e duas
empreendedoras estadunidenses que operavam ali, responsáveis pela implantação
da via ferroviária que uniu o Rio Grande a São Paulo, e uma madeireira. As
empresas tinham interesse em explorar a floresta nativa, de onde a população
tirava seu sustento, mas o governo apoiava a expulsão de José Maria e seus
seguidores, que foram severamente reprimidos por um grande contingente de
soldados equipados com fuzis, canhões, metralhadoras e até aviões.
|
1. Escolha um dos eventos históricos e faça uma pesquisa que contemple:
a) nome do evento, data, local e contexto em que ocorreu;
b) circunstâncias que levaram ao acontecimento;
c) as lideranças e os objetivos dos diferentes grupos que participaram do episódio;
d) o tipo de diálogo e/ou interlocução desenvolvido entre representantes dos grupos divergentes, com a finalidade de firmar acordos e tratados de cooperação mútua;
e) descrição sucinta do desenrolar da revolta e/ou rebelião, em termos da mobilização das facções em defesa de territórios, bens, membros dos grupos, ideias e objetivos;
f) análise e conclusão dos resultados do episódio.
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